Auxílio-Acidente: O Impacto de Lesões na Coluna e Membros Superiores para Trabalhadores Administrativos

Lesões resultantes de acidentes podem ter um impacto significativo na capacidade de trabalho, especialmente para aqueles que desempenham atividades que envolvem movimentos repetitivos, posturas prolongadas ou exercícios físicos moderados. Neste artigo, vamos explorar como lesões na coluna e membros superiores podem afetar a vida de trabalhadores administrativos, gerando o direito à concessão do auxílio-acidente.

O Cenário do Acidente e a Atividade Profissional

Vejamos o caso de Marina, uma profissional administrativa que desempenha a função de recepcionista em uma empresa de médio porte. Marina tem 32 anos e sua rotina envolve atendimento ao público, gerenciamento de agendas, além de tarefas administrativas que exigem longos períodos sentados ou em pé, manuseando documentos e equipamentos de escritório.

Em setembro de 2018, Marina sofreu um grave acidente de trânsito que resultou em múltiplas fraturas: fratura de úmero esquerdo, fratura de rádio distal e lesões na coluna torácica (T4, T6 e T7). Todas as fraturas foram tratadas cirurgicamente, sendo a coluna estabilizada com artrodese.

A Sequela: Dores Crônicas e Redução da Mobilidade

Após o tratamento das fraturas, Marina começou a perceber as limitações em suas atividades diárias. Ela apresentava dorsalgia (dores na coluna torácica) e artralgia (dores no punho esquerdo) , sintomas que impactavam diretamente sua capacidade de trabalhar por longos períodos em uma mesma posição, o que é crucial para sua função. Além disso, a perícia constatou uma leve limitação de movimentos na coluna dorsal, resultando em maior esforço para manter a postura e executar tarefas repetitivas.

Mesmo após a recuperação das lesões, Marina continua a enfrentar dificuldades relacionadas à manutenção de posturas prolongadas, caminhadas longas e trabalhos repetitivos com o punho esquerdo. Essas condições configuram uma redução parcial e permanente da capacidade laboral, o que significa que Marina ainda é capaz de trabalhar, mas não com a mesma eficiência e resistência de antes do acidente.

O Parecer Pericial e a Concessão do Auxílio-Acidente

A legislação previdenciária, em especial a Lei 8.213/91 , prevê o auxílio-acidente para segurados que apresentam sequelas que implicam na redução de sua capacidade de trabalho, mesmo que de forma parcial. De acordo com a perícia realizada, o Marina apresenta dificuldades em manter posturas prolongadas, realizar caminhadas longas e realizar movimentos repetitivos, condições que justificam a concessão do benefício.

Além disso, o laudo pericial destacou que, embora Marina não tenha perdido força muscular em seus membros afetados, as sequelas resultaram em uma diminuição da amplitude de movimentos e em dores crônicas. Esses fatores geram impacto direto na execução das tarefas que ela desempenha diariamente, como atendimento ao público e organização de documentos.

O Impacto na Vida dos Trabalhadores Administrativos

Trabalhadores administrativos, como recepcionistas, assistentes e secretárias, desempenham funções que, embora aparentemente simples, envolvem uma série de atividades físicas moderadas. Manter a postura correta por longos períodos, realizar movimentos repetitivos com as mãos e caminhar frequentemente entre diferentes setores são tarefas comuns no dia a dia dessas atividades.

Lesões na coluna e nos membros superiores, como a de Marina, podem ter um efeito devastador na capacidade de manter o ritmo de trabalho, além de causar dores e desconforto constante. Para esses trabalhadores, a redução parcial da capacidade laboral é uma condição que justifica plenamente a obtenção do auxílio-acidente.

A Importância de um Laudo Pericial Detalhado

O laudo pericial é fundamental para a concessão do auxílio-acidente, pois é através dele que o perito médico avalia o impacto das sequelas na vida do trabalhador. No caso de Marina, a perícia médica destacou as seguintes condições:

  • Dificuldade em manter posturas por longos períodos.
  • Dificuldade em realizar caminhadas longas e deambulação intensa.
  • Dificuldade em realizar esforços repetitivos com o punho esquerdo.

Essas limitações afetam diretamente a função de recepcionista, uma vez que a profissão exige exatamente essas capacidades. O perito concluiu que Marina apresenta uma redução parcial e permanente da capacidade laboral, justificando a concessão do benefício de auxílio-acidente.

Considerações Finais

O auxílio-acidente é um direito garantido para trabalhadores que, como Marina, apresentam sequelas que comprometem sua capacidade de trabalho, ainda que minimamente. É importante que profissionais em situações semelhantes estejam atentos aos sintomas que surgem após um acidente e busquem orientação médica e jurídica para garantir que seus direitos sejam reconhecidos.

Se você ou alguém que enfrenta dificuldades após um acidente, não hesite em procurar ajuda de um advogado especialista em Auxílio-Acidente. O auxílio-acidente é uma compensação justa que visa garantir sua qualidade de vida e bem-estar.